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Direto de Ilhéus: Quinze escolas abrigam famílias desalojadas após enchentes.



Famílias desalojadas recebem comidas e doações de diversos itens, além de acompanhamento de saúde.


Ao menos 15 escolas de Ilhéus, no sul da Bahia, estão funcionando como abrigo temporário para as famílias que precisaram deixar suas casas em meio às fortes chuvas que atingem a cidade e diversos outros municípios do Estado.

Nas unidades, mais de 900 pessoas já foram alocadas. Com a diminuição do nível de chuvas, a partir desta terça-feira (28), algumas famílias puderam retornar às suas residências e o número de abrigados reduziu.

Mesmo com o desafogamento parcial, muitas pessoas ainda dependem das escolas disponibilizadas pela Prefeitura de Ilhéus para ter um local para dormir. Nos abrigos, os assistidos recebem alimentação completa, outros mantimentos, acompanhamento psicológico e de saúde, com aferição de pressão, testes de gripe e Covid-19, além de remédios necessários.

"Temos também uma programação de atividades, como brincadeiras para as crianças, por exemplo. Os adultos também se reúnem para cozinhar um jantar diferente com alguns alimentos que disponibilizamos de vez em quando", detalhou a secretária municipal de Educação, Eliane Oliveira, ao BNews.



Escolas mais afastadas vivem uma situação mais crítica, já que os trabalhadores envolvidos nas ações de entrega dos mantimentos enfrentam muitas dificuldades para chegar às unidades.

"Nos distritos é mais complicado. Temos que levar a comida de barco, de jet ski, porque algumas localidades estão ilhadas. O nível da água que invadiu uma das escolas em Sambaituba chegou a 1,8 metro. Cobriu o local praticamente inteiro. Nossa Senhora da Vitória e Lagoa Encantada estão alagadas ainda", explicou Eliane.

Nos abrigos, o clima de perda é deixado de lado em certos momentos para dar lugar à gratidão das famílias em receber a assistência temporária, mesmo em meio às incertezas e angústias. Na Escola Municipal Nova Jerusalém, foi organizada até uma ceia de Natal, com direito a decoração e comemorações.



"A gente sabe que não substitui nossa casa, nem faz a gente esquecer que perdemos nossas coisas. Mas é bom ter um pouco de sentimento de pertencimento e se sentir acolhido, como a gente se sente aqui. Eu vim com minha mãe, uma senhora idosa que está em uma maca e tem recebido todos os cuidados, e mais 14 familiares. Não é fácil, mas temos que manter a mente positiva", declarou Juliana Silva, de 32 anos, uma das assistidas da Nova Jerusalém.



O Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, que também está funcionando como abrigo, chegou a alojar 40 famílias. Esse número caiu para 29 após a diminuição das chuvas nesta terça. Uma das pessoas que segue no local é José da Paixão, de 72 anos.



"Eu nunca imaginei que meu barraco fosse cair. Quando acordei um dia de madrugada, durante essas chuvas, vi a água invadindo minha casa inteira. Me tiraram de lá correndo e eu vim para cá. Meu barraco todo dia desce mais um pouco, não tem como eu voltar para lá. Eu sou muito bem tratado aqui, trouxe até minha caixa de som e a gente liga, se diverte, mas eu fico preocupado com a minha casa, que está sendo destruída. A Defesa Civil me fala sempre que ainda não tem como identificar todo o dano. Precisa esperar a estrutura parar de cair e a chuva dar um tempo", relatou o idoso.

Outra pessoa que mora no local é Mônica da Conceição, de 35 anos. Ela comemora a mobilização do povo de Ilhéus e conta que se tornou voluntária na escola.



"Eu tô aqui como assistida, mas também como voluntária. Ajudo em tudo. Aqui não nos falta assistência, principalmente dos bombeiros, que estão 24 horas prestando apoio a nós. A gente se ajeita, monta nossos espaços e vai vivendo um dia de cada vez. O importante, por agora, é ter comida na mesa garantida e um teto para viver. Fico também muito feliz em ver como o povo de Ilhéus e da Bahia tem se empenhado em contribuir com as doações. Chegam muitas coisas necessárias para nós todos os dias", comentou Mônica.

Ao fim da conversa, Mônica fez questão de arrastar suas visitas para seu "apartamento", como ela chama a sala transformada em quarto em que ela se alocou. Animada para mostrar sua organização, corre para ligar a luz e conta cada detalhe do espaço, por um momento alegre, enquanto espera por dias melhores.

* A repórter viajou para Ilhéus para cobertura das enchentes no sul da Bahia

Por: BNews

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